29.4.08

Jovem Fernanda

Já que me deram o alvará para críticas literárias, aqui vou eu.
Em janeiro, quando estive em férias no Rio de Janeiro, comprei um livro da Fernanda Young - "A Sombra das Vossas Asas" - na Baratos da Ribeiro. Eu apenas conhecia seu lado roteirista, com "Os Normais", "Não é Mole Não" e os filmes "Bossa Nova" e "Muito Gelo e Dois Dedos D´agua". Nas primeiras páginas do livro apareceu-me um interesse desesperador, e não à toa, todas aquelas páginas passaram pelos meus olhos em apenas três dias. Descobri, depois, que não era o primeiro livro dela. Sendo assim, lá fui eu atrás dos outros. Quando voltei ao Rio para o aniversário da Marina, a primeira coisa que fiz foi aparecer na Baratos, e caçar qualquer coisa a mais que tivesse da Fernanda por lá, e assim consegui mais dois livros: "As Pessoas dos Livros" e "Vergonha dos Pés", esse último realmente o primeiro romance da escritora. Devorei-o também, cerca de sete dias, e hoje, a página derradeira foi lida, dentro de um ônibus, vindo para o Sesc.
Então, por enquanto, é do "Vergonha dos Pés" que vou falar. A leitura é fácil, em termos. Ela usa certas piadas que pra muitos soam internas. Você tem que entender de música, ter um mínimo de conhecimento de filosofia e ser adepto à ironias, humores negros e tirações de sarro - Ela está dormindo, o telefone toca. Alô? Querida, você estava dormindo? Não, seu bosta, eu estou num ensaio aberto da Portela... -.
Ela escreve pra você, sabe que tudo aquilo você já passou, pois ela também já passou. Quem não teve vergonha de botar o pé na sala de aula depois de um porre federal ou um fora magnífico? Quem não deixou de ir à um show foda pois não tinha dinheiro e o orgulho era muito maior do que pedir uma grana pro pai? Quem não achou que amava uma pessoa que não amava, e desdenhou de quem amava sem saber? Sobre tudo isso ela escreve. Sobre tudo que você já viveu um dia, ou viu uma amiga viver, ou o irmão. A dúvida de estar ou não no curso certo, de se sentir feia ou bonita, por ficar pensando horas num cara que você viu uma única vez.
O título? Sim, é citado em poucos momentos do livro. E é tão sutil que se você não pegar, vai ler o livro inteiro sem ligar a história ao título. É genial! Você torce pelo amor de Ana e Jaime, mesmo lembrando que o moço divide uma república com a ex-namorada; lembra que Vinícius foi uma pessoa importante no crescimento dela, mesmo ele estando morto, por causa de um ridículo acidente de carro; e ao mesmo tempo tenta entender Helena, a mãe de Ana, protagonista, que não ajuda a filha em nada, eu ela pensa que a mãe não ajuda; seu pai ausente e sua melhor amiga totalmente o inverso de sua personalidade. Vai dizer que você não tem ou não conhece ninguém que tenha esse perfil?
Eu já vivi muito de tudo que ela escreve e descreve nessa obra. E que venham mais, pois estou diríamos, viciada nas palavras dessa Jovem Fernanda.

26.4.08

Livros

Eu posso falar sobre livros aqui?

17.4.08

Tabelinhas

- Ontem o Corinthians perdeu de 3 a 1 pro Goias pela Copa do Brasil.Se for eliminado, a coisa complica (mais ainda) por la.
- O Cruzeiro apanhou do Real Potosí e perdeu a oportunidade de ser o melhor primeiro colocado da primeira fase da libertadores.
- Edumundo bateu penalti, e fez.
- O ano nao chegou nem na metade, e Wellington Paulista ja fez 19 gols.
- Hoje e amanha muita coisa vai mudar na Copa Libertadores.E na semana que vem, a metade do brasil que está na competição sul-americana vai torcer contra, e a outra metade, vai torcer a favor do boca juniors, o eterno bicho papão da competição.

13.4.08


Um jovem rapaz sem dinheiro e com pinta de nerd (dos fofos) sonha em estudar Medicina em Harvard, mas não tem como bancar. Eis que ele é secretamente chamado pra participar de um pequeno grupo que conta cartas de blackjack em Las Vegas. E vai.
A partir daí, tudo o que você acha que pode acontecer em Quebrando a banca (21 - aliás, ótima escolha de nome pro português, diferentemente do filme ali embaixo) -menos morte, vai-, acontece. Sério, tudo. Sexo, brigas, deixar amigos de lado, mentira, roubos, diversão, animação pra geral num braço só. Até o final parece encaminhar-se pra tudo aquilo que já vimos nesse mundo da jogatina, mas, como é baseado em fatos reais, não vai. E só isso, pra mim, foi realmente bacana. Mas nada de impressionante, como acharam todas as pessoas numa sessão de pré-estréia do filme, ontem.
A impressão que eu tive ontem é a de que as pessoas estavam vendo um filme desse gênero pela primeira vez, porque tudo ali é coisa já vista, já contada antes. Nada de novo. Só o fato de ter realmente acontecido com alguém comum, amigo, como eeeu e vocêêê, só que gênio da matemática. E esse "alguém comum", chamado Jeff Ma, achou toda essa história pro escritor Ben Mezrich, que decidiu escrever um livro partilhando os fatos, também chamado Quebrando a banca (Bringin Down the House - oi, nome ótimo do livro em inglês). Lendo a sinopse no site da Siciliano, eu comprovo o pensamento que tenho desde que saí do cinema: as pessoas parecem não entender que só porque deu um bom livro não necessariamente dará um bom filme.
Tirado da tal sinopse: "No vinte-e-um, a banca pode ser vencida. Diferentemente de tudo o mais num cassino, esse é um jogo com memória. Tem um passado: as cartas que já saíram; e um futuro: as cartas que virão". Fica a lição de vida (dita por uma pessoa qualquer no filme): For me, past is history, and tomorrow, mistery. It's all about the mo.
Vi 2046 e não gostei. Simples assim. Achei chato, um pouco caótico nas imagens, paradinha sem sentido mesmo. Mas aceitei o sucesso que fez, porque, sabe como é gente cult, né? (hehe) Adora uma vibe David Lynch. Se tiver olhinho puxado, então, ninguém segura.
Então, ignorei o fato de Um beijo roubado (My Blurberry Nights) ser do mesmo diretor e fui, na maior identificação com o que tinha lido sobre a personagem principal, e cheguei atrasada pra sessão vespertina de uma sexta-feira, assim, como a Norah, sozinha.
Tem a Elizabeth e tem o Jeremy. A Elizabeth é a Norah Jones, que, ao meu ver, lutou muito pra conseguir falar direito em frente às câmeras, mas conseguiu se sair bem na aventura profissional (ui). O Jeremy é o Jude Law, e eu não entendo, meu Deus, como alguém pode deixar aquele homem. Só em papel terrível de Alfie que a gente identifica esse cara, porque não há como ele não ser pegador. Ok, comentários mininha à parte, fecho o parágrafo dizendo que há química entre os dois.
Eles iniciam uma amizade fofa e pura, cheia de serenidade no ar. E o beijo mais fofo que já vi na minha curta e inexperiente vida de cinema é dado. E acaba o curta. Sim, porque, pra mim, podia ser um curtinha, que tava de bom tamanho. Isso, se formos seguir o título em português.
Porque a história, desculpaê, é sobre a auto-descoberta da solitária Elizabeth, e de como um pequeno desastre pessoal pode impulsionar uma pessoa comum como eu e você a simplesmente ir conhecer a vida e seus personagens disposto a encarar o que vem pela frente. Mas ela é a Norah Jones. Logo, vai encarar com fofura. Só ela mesmo pra aceitar aquela louca da Natalie Portman. Esta, aliás, dá show, de deixar até a gente, que não quer ser ator, com inveja.
A história é fofa. Não há muito a ser contado, mas o que se diz é louvável. O como nem tanto, tem um ar de same o same o, mas consegue te levar (e leva bem, sim) – tanto que, às vezes, você quer estar sentado na mesa daquele bar nem que seja pra concordar com algo que o Jude fala ou só pra passar a mão na cabeça da Norah. Dá vontade de escolher uma chave e abrir qualquer porta assim que sair do cinema. Aliás, é isso que a Elizabeth faz, não é mesmo?

Pushing Daisies - Warner, quintas, 21h

É tudo tão bonito e colorido, que você termina de ver procurando o endereço da produção pra enviar seu currículo, só pra fazer parte de tudo aquilo (de alguma forma).
Pushing Daisies é a nova série da Warner que vinha sendo anunciada desde janeiro. A propaganda foi a mesma por muito tempo: um pirralhinho e seu cachorro correndo num campo verdíssimo, felicíssimos, aproveitando a mais livre juventude, quando o cachorro é atropelado por um caminhão que passa só pra fazer o estrago mesmo. O pirra fica lá, né, catatônico. Toca no cachorro, sai uma parada meio magnética do dedo dele e o cachorro simplesmente levanta e continua correndo – fosse humano, a gente esperaria até que ele dissesse um “Haa! You’ve been punked!”.

A propaganda foi passando, passando e eu ainda não entendia o que tava acontecendo, o que diabos era aquilo, e nem me dei ao trabalho de procurar, porque a Waner tinha que fingir ser amiga em algum momento e me dar um pouco mais de informação além daquilo. Aí, passou ele ressuscitando uma mosca. Depois, a mãe (a melhor morte ever). De repente, ele tava grande e fazendo carinho através de uma mão de madeira no cachorro. E sei lá por que, eu ainda guardava em mim, assim, em segredo mesmo, uma enorme vontade de ver algum episódio daquilo.
A Warner não foi amiga. E só deixei a vergonha de lado quando a Revista da Tv do Globo concedeu uma matéria de capa à série. De capa. Num jornal. Não pode ser tão bizarro assim, né? Nem li tudo. Mas procurei informações na matéria e descobri que o pirralho chama Ned e que ele descobria, quando criança, que poderia ressuscitar mortos com um toque, porém não poderia nunca mais tocá-los depois disso (foi ótima a forma como ele descobriu), que a pessoa empacotava pra sempre dessa vez. Tem mais: pra cada pessoa que ele ressuscitasse, dentro de um minuto, morria outra. Qualquer uma. E vou eu dizer que foi outra maneira fenomenal de descoberta.
Aí é que tá: Pushing Daisies é puramente fantasioso. E isso não se prende só ao enredo principal. Parece que ele é só uma linha pra dar vazão à atmosfera da série. Toda Tim Burton (eu ainda tô esperando aparecer o nome dele nos créditos). Diálogos naturais, cor forte por toda parte, narração de livro infantil, olhos arregalados e sorrisos de Amélie Poulin. E encaixa tudo tão perfeitamente, que o exagero que poderia rolar nem dá sinal.

Pensa comigo: quando a gente vê o Homem Aranha segurando um veículo de transporte inteiro com, sei lá, a ponta do dedo, fala logo “ah, cara, que ridículo”; só que ninguém falou que o fato de saírem teias dos pulsos dele é mais ridículo e improvável ainda. Isso por quê? Porque o filme inteiro tenta levar o mundo na normalidade, como se fosse nossa vida cotidiana mesmo. Agora, quando você em fantasia tudo, desde figurinos até enredo da história, passando [principalmente] por personagens, a fantasia fica... corriqueira. Normal. Fácil de engolir. E com sabor doce.

10.4.08

Sem tempo estou, mas aqui venho pra dizer que é isso: Manchester, Barcelona, Chelsea e Liverpool estão na final da Champions League.
Eu, como sou Barcelona, vou ali fazer uma macumbinha pra deixarmos de tantas baixas e voltar a jogar direito.